quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Apartamento 41





Essa historia, é para aqueles que moram em apartamentos e nunca viram seus vizinhos na vida.
Já se perguntaram se vocês realmente os tem? Bom eu já.

Eu moro em um condomínio, com quatro prédios eu moro no (bloco) B4, eu cresci neste lugar e sempre adorei, por ter muitos amigos e também pelas possibilidades de lazer que eu desfrutava, até que tudo isso aconteceu.

Como qualquer adolescente, em uma noite de sábado, eu desci para o hall de meu prédio para encontrar alguns amigos, nós todos na verdade não tínhamos nada para fazer, e um deles, teve a brilhante ideia de ir até um local que ficava perto da churrasqueira comunitária para contar historias de terror.





Era um quiosque, que estava sujo por sinal, nos sentamos, tiramos algumas garrafas de bebida de dentro de um saco de papel, e eles começaram a contar... Eles contavam historias clichés, sobre a loira do banheiro, sobre um monstro nos esgotos, e sobre fantasmas.

Era por volta de umas 11 horas, quando minha mãe ligou no meu celular para que eu fosse para casa, eu fiquei irritado, mas eu também ja estava bêbado, e era tarde.Ela estava apenas preocupada, eu tinha levado a chave... mesmo assim foi para meu apartamento. Eu caminhei pelo menos uns dois minutos e cheguei a porta de entrada para o hall, que estava trancada, eu peguei o molho de chaves e procurei a que abriria a porta, mas por deus ... Eu estava muito bêbado.

Eu estava completamente sozinho, não havia nem mais a sombra de meus amigos, e foi então que a luz de emergência que fica do lado de fora do prédio começou á piscar...

Eu confesso que entrei em pânico.

Eu ainda estava procurando pela chave certa, e acabei deixando elas caírem no chão! 
Quando me abaixei e levantei novamente, eu tinha certeza de ter visto um vulto negro passando por debaixo de um dos postes de luz que ficava á uns quinze metros de mim.

Eu finalmente achei a chave.

Eu entrei no hall meio que tremendo, talvez de nervoso ou por medo, eu apertei o botão do elevador, que por uma infeliz conhecidencia estava no poço que fica no ultimo andar do prédio, e meu prédio tem 14 andares, eu sabia que aquela merda ia demorar, e eu morava no quinto andar.

Então eu resolvi ir pela escada de emergência.

Péssima ideia.

Eu comecei a subir as escadas meio que cambaleante, era realmente algo bem constrangedor.
As escadas eram totalmente escuras, e a cada andar que eu passava uma daquelas luzinhas automáticas se acendia, eu estava subindo a escada tão lentamente que nem percebi que ainda estava no segundo lance de escada do primeiro andar.

Ainda estava tudo escura na minha frente. E eu vi a luz automática se apagando atrás de mim... alguns minutos se passaram e eu cheguei ao segundo andar. Quando a luz se acendeu eu vi como se fosse um vulto bem atrás de mim, como se ele tivesse se escondido na escuridão inevitável... bem atrás de mim.

Aquilo era uma tortura... 

Eu pisei no segundo andar... olhei para a porta com o numero 2, e vomitei... caramba como eu estou bêbado! Mas tudo bem...continuando....

Eu continuei subindo as escadas, chegando ao terceiro andar eu ouvi a porta da escada de emergência batendo atrás de mim... e eu comecei a subir as escadas bem rápido, pulando de dois em dois degraus, e então escorreguei...

Eu tinha pisado no meu vomito, e meu tênis ainda estava molhado... quando eu ia começar a me levantar, a luz se apagou...

E comecei a ouvir os passos de alguem subindo as escadas, mais ou menos no segundo andar... e então eu falei..

- Tem alguem ai? Responda!!

E uma voz suave, molhada, e rouca, masculina ao mesmo tempo respondeu.

-Sim, sou eu seu vizinho do quarto andar... moro no 41

Eu respirei fundo aliviado, e me levantei... eu estava chegando no quarto andar e o cara ainda não tinha nem chegado perto de mim, e nem uma luz atrás de mim tinha se acendido depois de eu saber que ele estava lá.

Quando cheguei ao quarto andar, de frente para a porta de emergência, eu ouvi um baque oco do outro lado... como se alguem tivesse batido a cabeça... eu me afastei da porta e a luz do quinto andar se acendeu mais á frente... deixando claro os arranhões atrás daquela porta. 

Era como se alguem tivesse sido arrastado, e tivesse arranhado aporta para tentar chegar a maçaneta... bizarro.

Eu finalmente cheguei ao quinto andar e em minha porta, eu procurei a chave por alguns minutos e quando eu ia colocando a chave na fechadura, a porta se abriu. Era minha mãe.

-Menino! Já faz meia hora que eu te liguei!! Você dormiu no caminho pra cá foi?!...Ei espere ai... você esta bêbado?!

-Ah mãe... só um pouquinho... e eu vim de escada, o elevador tava demorando, e tinha um cara na escada... no escuro... eu cheguei...não cheguei?... então fica calma.

-Caramba...você não esta dizendo coisa com coisa... Vai já tomar banho e dormir...

Ela saiu resmungando e eu fui para meu quarto, tirei minha roupa, me olhei no espelho, admirando meu corpinho sexy e fui para o banheiro... Tomei banho... e em seguida cai na cama e dormi.

Isso aconteceu numa sexta feira, e no domingo da mesma semana eu tornei á ver meus amigos, mas nós íamos jogar futebol. 

-Cara na sexta feira, eu quase morri na escada de emergência do meu prédio, tinha um cara lá, eu quase morri de susto.

-Que cara?

-Ele disse que morava... hum... no quarto andar... acho que no apartamento 41...

Meus amigos ficaram pálidos...

-Que foi? por que essas caras de bunda agora? A não cara você peidou né....Que droga!!!

-Não, não é isso...você não conhece a história, você não morava aqui ainda. 

( Isso é verdade, eu havia me mudado á uns cinco meses para lá)

Nós sentamos num banco ali perto, e eles começaram a historia...

-Há uns três anos atrás, no seu prédio dois amigos brigaram muito feio, tipo brigaram até armados. O cara que morava no seu prédio no 41, se não me engano se chamava Marcelo, e eles estavam conversando um dia no apartamento dele, e começaram a ter uma discussão acalorada, talvez fosse porque o cara tinha pegado a mulher do outro não me lembro, mas os dois saíram no tapa...e esse amigo do Marcelo, era um mal elemento, drogado e tudo mais, e tirou o canivete do bolso pra matar o cara. O Marcelo, saiu correndo, ele foi tentar pegar o elevador, e o cara arrastou ele para a escada de incêndio, e esfaqueou o cara até a morte.

...Eu fiquei totalmente paralisado e senti um cala-frio... E meu amigo continuou falando, enquanto olhava para a minha cara de bunda...

-Cara... você não tem vizinho nenhum no 41, aquele apartamento nunca foi vendido, pra mais ninguém.


E foi por isso que nós nos mudamos para o bloco B1 do condomínio.

FONTE:Creepy World

O encontro com Slender Man


Bom estarei contando isso que aconteceu comigo.
Como foi visto na postagem anterior,este foi um tipo de "tulpa".
Sem mais enrolação,contarei tudo,desde o começo.

Como vocês sabem,tem vezes que fico o dia inteiro vendo videos relacionados a terror ou lendo creepypastas(pois sou uma verdadeira viciada).
Bem...
Nesse dia,eu estava procurando coisas do genêro,quando achei a "creepy" do Slender Man.Era de noite,tarde da noite,mas continuei pesquisando mais.
Li a creepypasta dele,achei um tanto...
Surreal de mais.
Fiquei sabendo que havia um jogo também.Baixei ele,e decidi ir dormir e jogá-lo no dia seguinte.
Na  mesma noite sonhei com ele.
Eu estava no centro da minha cidade.Estava tudo normal,a não ser porque ela estava quase que totalmente escura.Só algumas Luzes(postes) funcionavam,mas estavam fracas.
Olhei em volta,percebi que não tinha ninguém por perto.Ao meu lado havia a praça principal.Estava totalmente escura,e as árvores estavam mais altas do que de costume.E atrás de mim estava um carro(não era muito velho,parecia um modelo novo,e me lembro que ele era pata,parecido com o antigo carro do meu pai).
Quando olhei para frente,me deparei com Slender Man.
Mas ele não parecia tão mal quanto eu "vi" na "creepy".
Ele tinha um "ar" amigável e tranquilo.
Eu fiquei encarando ele uns segundos,até ouvir um som vindo atrás de nós.
Parecia que duas garotas estavam se aproximando.Olhei para trás e vi elas aos longe na neblina(estava meio nublada,por alguma razão).Depois olhei para frente novamente.Ele havia vindo perto de mim,e estava com um de seus braços estendidos para mim.Como um impulso,segurei a mão dele.
Ele no mesmo instante,ele me disse,com uma voz sinistra mas meio amigável:
"Você é uma jovem bem corajosa ein?Admiro sua coragem!"
Então ele me puxou e me levou até a praça escura.E nesse momento acordei.
E me senti meio estranha,era como se...
Estivesse alguém além de mim no quarto ou na casa,a não ser meus pais.Eu sentia que estava sendo observada.Sentei na cama,e continuei pensando no sonho,e no Slender Man.
Quando meus pais já tinham acordado e ido trabalhar,fui para o computador pesquisar mais.
Antes de pesquisar,joguei um pouco do jogo que tinha baixado na noite anterior(era o jogo Slender Man Eight Pages).Joguei a manhã inteira.Depois almocei,e comecei as minhas pesquisas.
Nessas pesquisas,acabei descobrindo 3 canais principais(e os mais conhecidos)que filmam aparições de Slender Man.
Bem,resolvi começar pelo mais conhecido de todos:Marble Hornets.
A primeira coisa que notei foi o avatar do canal.Era um circulo com um "X" no meio.Não sabia ao certo o significado,mas depois de fazer umas "ligações" e "conexões"com o jogo e a "creepy" deduzi que significava "No Eyes"(na tradução literal,"Não olhos",e botando sentido seria "sem olhos").
Então comecei a assistir os videos.
Eram bem estranhos(não havia visto ele com tradução,só em inglês mesmo,mas tentava traduzir um pouco "a olho" mesmo),em cada video Slender Man e mais dois "Proxys" apareciam(me perguntava qual era a relação deles com o Slender Man).
Então se passaram dias,e eu todos os dias assistia aos videos,quando meus pais não estavam em casa.
E a sensação de "observação" aumentava,mas eu deixei isso de lado,nem ligava mais para isso.
Numa outra noite,tive mais um sonho.Neste sonho,eu estava no carro do meu pai,com minha irmã junto.Pelo jeito estavamos indo para o centro da cidade,ou na casa de minha avó.Eu sempre gosto de ir olhando pela janela,assim viajo em meus pensamento(na vida real também).Assim que olhei pela janela eu vi.Me observando a distância,lá estava ele.Com o mesmo terno preto e gravata.Eu perguntava para meu pai e minha irmã,se eles estavam notando algo de estranho ao longe,mas eles falavam que não.
Pelo visto,só eu podia vê-lo.Eu estava desesperada.
A medida que o carro andava,ele ia se aproximando,mais e mais.Aos poucos ele foi chegando mias perto,até ficar na calçada,quase que pertinho do carro.
Eu estava aterrorizada por isto.
Me perguntava como as pessoas que estavam na calçada não o notavam,e nem os motoristas o viam?
Era só eu mesmo que o via.Mas eu perguntava o porque disto.
Acordei muito assustada,aquele sonho foi tão estranho,e tão vivido.Eu tinha conseguido pensar e agir livremente no sonho,não como nos sonhos normais que eu sempre tive.
Fiquei o tempo inteiro pesando no sonho e no Slender Man.Não tirava ele da cabeça nem por um instante.
Mesmo tendo esse sonho,continuei vendo os videos(geralmente via uns 5 por dia,dpois via ele d novo umas 3 vezes pra revisa-los e ver eles nos mínimos detalhes e ver "ligações" e códigos/palavras que apareciam as vezes,por uma fração de segundos,que eu percebia).
Outra boite tive mais sonho(o ultimo até agora).
Sonhei que havia acabado de sair duma festa na minha própria casa.As pessoas já tinham ido embora,então eu estava sozinha.Parecia ser tarde da noite,pois estava escuro,e não tinha ninguém na rua.A luz do poste falhava,estava fraca.
Olhei para os lados.Nenhum carro ou pessoa por perto.Depois olhei para minha frente.E lá estava ele novamente,me olhando fixamente(mesmo não tendo olhos).Ele estava com um "ar" bem diferente do nosso primeiro "encontro".Ele parecia mais agressivo.Eu tentei correr para dentro de casa,ou para a casa de um vizinho,qualquer lugar que fosse longe dele,mas não conseguia.Por mais que eu corresse,eu não saia do lugar.
Então fiquei olhando ele,fixamente também.
Então do nada,das costas dele "brotaram" tentáculos que me levantaram no ar.Eu ouvia uma pessoa(parecia ser uma garota) gritando de uma forma sinistra e falando:
"Você não vai escapar,não importa o quanto  você tente correr,é impossível você se safar".
Depois ouvi uma risada.
A coisa mais estranha é ela parecia estar perto de mim.Mas não havia ninguém a não se eu e ele no local.
A voz parecia vir do "além".
Eu continuava a olhar para ele.Depois ele me levantou mais alto,e no seu rosto,se formou uma boca.Uma enorme boca.Ele a abriu mais que pode e me jogou dentro dela,então caiu naquele "buraco" cheio de escuridão.
Acordei suando,com falta de ar.Meu coração estava super acelerado.E a sensação de observação havia aumentado muito mais do que antes.Eu sentia como se tivesse  alguém a minha frente,mas não conseguia ver  quem era,por causa do escuro.
Depois fiquei acordada.Não conseguia mais dormir,então só fiquei deitada esperando amanhecer.
No dia seguinte,continuei vendo os videos,mesmo depois de todos os sonhos que tive,pois a curiosidade era maior que meu medo.
Eu fiquei o dia inteiro vendo os videos,no quarto,com a janela fechadas e as luzes apagadas.
Olhei para o relógio já eram 8 da noite.Minha mãe estava na calçada,enfrente de casa,conversando com a vizinha.
Meu pai havia viajado para outra cidade,por razões de trabalho.
Então estava sozinha dentro de casa(a não ser por minha mãe e minha irmã estarem do lado de fora da casa).
Minha mãe,"lá de fora" gritou para fechar a casa(já que todas as janelas e portas estavam abertas,a não ser pelo meu quarto).
Pausei o vídeo que estava vendo do MH.
Abri a porta do quarto,e fui para a sala,fechei a porta e janela,depois fui caminhando em direção a cozinha,aí vi.
De pé na porta da cozinha lá estava ele.Com o mesmo terno de sempre,e olhando fixamente para mim.Só iluminado pela "luz da lua"(era lua cheia no dia).
Então fiquei paralisada,assustada e pensando:
"Isso não pode ser real.Estou sonhando,delirando,só pode.Ele não pode existir,é impossível!!!"
Fiquei parada olhando ele,depois esfreguei meus olhos,e olhei novamente.
Ele havia desaparecido.
Agora duvido de mim mesma.Duvido da "minha visão".
Aquilo foi real ou só uma ilusão da minha mente insana?
Bem...
Não sei,mas agora,desde aquele dia,quando vejo videos relacionados a ele,me sinto mal.
Fico meio zonza,minha visão fica turva e embasada.Fico com falta de ar,e começo a tossir feito louca(como se tivesse tuberculose o algo do tipo).
Ainda não sei o porque disso.
Pode ser que muitos de vocês não acreditem,mas na boa...
É difÍcil mesmo acreditar numa coisa dessas,as vezes nem eu acredito que tudo isso aconteceu,e fico pensando se tudo foi um delírio ou que "sonhei acordada".
Até agora,e nesse exato momento sinto,que tem alguém me observando.

Os Gêmeos



Não sei o que dizer ao relatar algo assim, simplesmente o medo ainda me mantém paralisado e sem reações definidas as quais eu deveria tomar uma atitude e rápido, porém, até então não tenho muita escolha além de continuar com a vida normal que um dia eu tive... Quando eu ainda lembrava meu nome.

Para falar a verdade minha vida nunca foi normal como a de qualquer outro garoto de 16 anos deveria ser, mesmo assim sempre tentei ignorar pequenos detalhes que hoje viraram o problema que assombra meu presente. Detalhes que eu sempre denominei como o meu casal de irmãos gêmeos mais novos.

Claro que todo mundo tem seus problemas comuns de família, pequenas brigas alheias entre irmãos e tudo mais, porém, o meu caso é diferente. Eu não tenho essas brigas entre irmãos nem nada, pelo contrário, eu bem que queria ter, tornaria minha vida mais normal e menos preocupante. Pode parecer estranho da minha parte, mas eu acho ainda mais estranho ter um casal de irmãos gêmeos, praticamente idênticos (se não fossem de sexos opostos, seria impossível identificar) que não tem o menor contato comigo. Mesmo estando debaixo do mesmo teto que eu!

Bem... Fora esses pequenos fatos quase inúteis, o que irei retratar agora é o que realmente importa. Como devo dizer...

Meus irmãos sempre foram estranhos e eu aprendi a me acostumar com isso, porém, esse ano a menos de três meses, quando eles fizeram sete anos tudo ficou mais tenso dês de então. Notei que os lindos olhos azuis de Lucy e Luck adquiriram um tom negro e profundo para Luck, como se ele estivesse sugando sua alma, e um vermelho vivo e sombrio para Lucy, como se ela agarrasse sua vida e simplesmente tirasse toda sua esperança de viver. O mais estranho é que parece que apenas eu consigo reparar isso. Como se eles escolhessem sua presa antes de possui-la ou mata-la, antes de torturarem ela sem piedade, como os olhos da morte...

Outra coisa que andei reparando é que a boneca de pano que Lucy sempre carrega parece estar sempre me olhando, me vigiando, quase como os olhos de Lucy, me deixando igualmente desconfortável. E como se não bastasse toda noite eu encontro o carrinho de mão do Luck ao lado da minha cama com seus faróis acesos em minha direção, como pequenos olhos que me vigiam enquanto durmo sugando meus sonhos e pensamentos para que seus pequenos círculos de luz continuem brilhando e meus pesadelos permaneçam.

Porém, isso tudo acaba aqui... A mais ou menos uma semana tenho ouvido as vozes de meus irmãos em meus sonhos, pesadelos e me seguindo durante o dia, em todos os lugares, como se eles estivessem escondidos em algum lugar próximo apenas me observando e aguardando a hora certa de agir. Ouço pequenos risos de Luck, que vão ficando cada vez mais altos e frenéticos conforme me aproximo do local de onde se originam. Também escuto uma pequena música sem fim, uma espécie de “la la la” sendo cantarolada pela Lucy em um ritmo suave, sarcástico e sombrio, como se ela estivesse zombando do meu estado nervoso e neurótico. O pior nisso tudo é que esses tais acontecimentos ficam cada vez mais frequentes e piores, estão me levando à loucura. Não sei até quando conseguirei suportar, pois garanto, não sou mais o de antes dês de então e imagino que só devo piorar.

A cada dia sinto que chego mais perto do fim dessa grande tortura. A cada dia sinto mais medo. A cada dia sinto que tudo fica pior e mais sombrio... Até que, o que eu achava ser o fim estava só começando. Após acordar de um terrível pesadelo me deparo com os meus irmãos, apenas lá, parados ao lado da minha cama me encarando, Lucy com sua boneca de pano e Luck com a cordinha que puxava seu carrinho. Olhos sombrios, me sugando, me fazendo esquecer quem realmente sou. Eu me sentia um pouco tonto, fora de foco, porém, consegui reconhecer um grande sorriso em suas faces sombrias sob a luz da lua que entrava pela janela. Um sorriso e então... Sangue! Muito, mas muito sangue saindo de suas bocas sorridentes e olhos profundos. E antes que eu percebesse as vozes deles voltaram a me perseguir, Luck ria mais alto e freneticamente que nunca e Lucy não parava de cantarolar a “música da morte”.

Eu não aguentava mais, estava no meu limite, eu já havia esquecido tudo que poderia um dia me identificar como o garoto que já fui um dia. Aqueles olhos cheios de sangue não apenas me observavam, estavam levando minha alma para o abismo do esquecimento, apenas me arrastando até lá, apenas me torturando até aquele momento, o momento certo para terminar de sugar minha alma e levar tudo àquilo que um dia chamei de vida...

Lucy soltou a mão de sua metade e se aproximou de mim tirando de trás de sua boneca um punhal ainda sujo se sangue, porém reluzente. Sorrindo ela parou de cantarolar e disse:

- Não se preocupe logo você terá esquecido tudo isso...

A última coisa que vi e ouvi antes de empurrar Lucy e sair correndo do meu quarto até o quarto dos meus pais foi Luck rindo loucamente, o riso que não parava de me perseguir e ecoar em minha mente.

Após atravessar todo o corredor e entrar correndo e mais desesperado que nunca no quarto dos meus pais, não podia me deparar com coisa pior... Meus pais estavam banhados em sangue, minha mãe pendurada pelos cabelos no ventilador que ainda girava lentamente e meu pai preso na parede por pregos nas mãos, nos pés e um bem no meio de sua testa. O quarto era uma poça de sangue e eu ainda conseguia ver, mesmo sob a escuridão, os órgãos e tripas dos meus pais espalhados por toda parte.

Eu não aguentei, vomitei ali mesmo no chão cheio de sangue. Sentia as lágrimas e meu coração mais acelerado que nunca, podia jurar que ia ter um infarto ali mesmo. Mas não podia continuar assim, no final do corredor os gêmeos se aproximavam da mesma forma de sempre, rindo loucamente e cantarolando sombriamente. Com minhas últimas forças levantei, desci as escadas quase caindo por causa da tontura e fui até a porta da frente na esperança de fugir... Mas de tudo que já tinha acontecido essa era a última coisa que eu esperava acontecer... Ao abrir a porta, em vez de ver a rua, casas, pessoas, talvez um mendigo ou outro, eu acabei me deparando com o nada, com a escuridão, apenas um vazio negro e sombrio, simplesmente o nada...

- Assustado, irmãozinho?! – disse Lucy que já estava atrás de mim apenas esperando a hora certa.

Ela continuava com o punhal, calma, obscura, e murmurando a “música da morte” entre os lábios.

- Parece que você esqueceu até onde morava, irmãozinho. Não se preocupe você se esquecerá disso também...

E essas foram às últimas palavras que ouvi antes de esquecer tudo e todos... Porém os risos e a música da morte assombrarão todos que esqueceram e todos que esquecerão...


Rostos Familiares

Você com certeza já viu isso. Esse par de olhos olhando diretamente para você. E por mais que você queira se afastar, os olhos parecem te transfixarem. Ele se move como você, copiando cada espasmo, cada leve movimento - eles estão seguindo você.

Você se lembra do rosto, mas não tem certeza de onde; lembra o rosto de seus pais, o rosto parece seguro, mas não é de confiança. A partir do momento em que você olhar para ele, você estará em risco.

Mas o que torna esta criatura tão assustadora, é que quando você olha para longe, você não faz ideia se ela ainda está te observando, a menos que você olhe de volta, porque esta criatura não faz barulho, não faz som. Ela não precisa respirar. Ela não precisa descansar. E o pior de tudo, ninguém sabe de suas intenções.

Então, basta ter cuidado.

Seu reflexo pode não ser tão inofensivo, afinal.