segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Meu Querido Palhaço



Tio Valter era o apelido do bruxo aqui da vila. Não havia ninguém que não tivesse medo dele... Eu tinha apenas 5 anos quando isso aconteceu, e pra falar a verdade não é uma história minha e sim do meu amigo, Jonas. Posso dizer com muita certeza de que tudo que ocorreu foi verdade, pois presenciei algo que até hoje me deixa intrigado.

Tio Valter tinha cara de bravo. Lembro que quando ele passava na rua todo mundo baixava a cabeça e ficava quieto. As duas ex-esposas dele haviam morrido, por isso o tremendo medo das pessoas. Não me lembro muito bem, mas minha mãe contava que ia para dentro de casa quando Tio Valter passava. Era um homem de poucos amigos e muito, muito quieto.

O tempo passou e um dia Tio Valter morreu. Até hoje ninguém sabe por quê. Os boatos eram que ele tinha morrido com uma faca no pescoço, agora, por quem ou o que... isso eu nunca quis saber. Ele tinha uma filha linda, Samanta, totalmente crente, daquelas que usam saia e cabelos longos. Era uma boa garota. Era totalmente brigada com o pai porque os dois eram totalmente opostos. Fosse o que fosse, haviam tantos boatos... que tio Valter abusava de Samanta, que ela se converteu por ter se arrependido de ter participado das bruxarias do pai, enfim... como disse, a vila toda comentava coisas que muitos duvidariam. Mas como disse, essa história não aconteceu comigo.

A mãe de Jonas, Fátima, era uma mulher muito trabalhadora, era costureira na época e um dia Samanta pediu para que ela costurasse uma roupa que era de seu pai. Fátima costurou e sobrou um pequeno pedaço, com esse pedaço Fátima costurou no palhaço de brinquedo do Jonas. Ele também tinha cinco anos e eu sempre o chamei de Jaime.

Depois que Fátima costurou esse pedaço de pano no brinquedo, Jonas nunca mais foi o mesmo. Ele ficava o dia inteiro no quarto, mal saia. Na verdade só saía para almoçar e mal jantava, mas sempre que saía, Jonas olhava reto e nunca falava uma palavra. Sua mãe, Fátima, lhe perguntava as coisas e Jonas nunca respondia, só acenava com a cabeça de vez em quando. Fátima o levou no psicólogo, mas não adiantou de nada. Fátima percebeu uma coisa: Jonas sempre estava com o palhaço nas mãos. Nunca, em momento algum ele largava, e quando sua mãe tentou tirar o palhaço dele Jonas a agrediu.

Fátima não sabia o que fazer e nem o que era. Havia gastado muito dinheiro com psicólogos, deixou até mesmo de pagar muitas contas, mas infelizmente foi dinheiro jogado fora. Tudo estava como estava. Quando certo dia Fátima entrou no quarto e viu Jonas desenhando uma cruz de cabeça para baixo. Ela tentou tirá-lo, mas ele era tão forte que a derrubou no chão. Fátima fez de tudo, chamou o marido, os vizinhos... mas ninguém tirou Jonas de lá. Quando Fátima me contou essa história ela me Jurou que os olhos do palhaço ficaram vermelhos. Na hora fiquei com arrepio e juro por tudo mesmo que sempre ia na casa do Jonas e via uma cruz desenhada de cabeça pra baixo. Nunca entendi. Às vezes perguntava pro Jonas, mas ele fugia do assunto. Nunca entendi por que ter uma cruz de ponta cabeça na porta do quarto.

Terminando a história.... Fátima chamou alguns irmãos para orarem na casa dela. Um dia, quando Jonas estava dormindo ela pegou o palhaço e o jogou no fogo, e aos poucos Jonas foi voltando ao normal.
Hoje Fátima é uma mulher acabada, velha, mas muito trabalhadora e diz que nunca presenciou algo tão ruim na vida dela. Percebi que quando me contava essa historia ela ficava meio tensa, nervosa, não sei, talvez um trauma. Mas hoje Jonas é um ótimo garoto, fazendo faculdade, dando muito orgulho pra mãe, só não é um garoto que tem muita fé, mas posso dizer que não existe pessoa melhor que Jonas, que jamais pensou em fazer mal pra alguém.

E o que eu tiro disso é que, sei lá, as pessoas precisam acreditar que o Sobrenatural existe, e que ele está entre nós.....

FONTE:Medo Sensitivo

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