(Caso não tenha lido a parte 1,clique aqui -PT 5-)
Quando eu voltei exatamente uma semana depois, Brenda me entregou um pacote incrivelmente fino com notas escritas à mão. Eu coloquei Henry, que estava dormindo satisfeito em seu assento para carro, no chão e os folheei. Havia cartas que eu não entendia, todas escritas em um rabisco ilegível. Nada foi digitado, não havia ecografias. Eu não poderia decifrar nada do que foi escrito, exceto meu nome e datas. Eu caminhei até a mesa, onde Brenda estava claramente irritada com a minha presença. Eu não dei a mínima.
“Com licença, mas onde estão meus ultrassons? Por que as notas do meu arquivo não foram digitadas?”
Brenda suspirou como se estivesse prestes a explicar alguma coisa para uma criança muito lerda. "As notas digitadas eram enviadas à Dra. Whiting. Assim como os ultrassons, que na verdade eram feitas por uma empresa externa; é uma prática bastante comum. As suas foram feitas pela ImageTech, e eles saíram do negócio no ano passado".
"Então, o que acontece com meus registros? Alguém tem que tê-los se você não tem, e eles estão fora do negócio, certo? Quer dizer, eles não podem simplesmente jogá-los fora, podem?" Brenda olhou para mim sobre seus baratos óculos de leitura. Eu olhei de volta, olhando para seu rosto gorduroso e sua base laranja demais.
"Ei, Luanne! Luanne! Quem tem os registros da ImageTech, uma vez que eles fecharam? Alguma ideia?" Luanne, quem quer que fosse, digitava algo em seu computador, eu podia ouvi-lo a partir do balcão.
"McKesson Records Management. Eles estão instalados em seu escritório corporativo em São Francisco, o seu número é 800-661-5885. Você precisa dar-lhes um comprovante de identidade, e o processo provavelmente vai demorar de 10 a 15 dias úteis." Luanne, santa seja ela, surgiu do abismo para dizer onde ficava o escritório de registros.
"Ok, então. McKesson tem os registros, e seu outro médico tem a maioria do seu arquivo. Existe mais alguma coisa em que eu possa ajudá-la?" Brenda perguntou, obviamente sem paciência. É evidente que a única coisa que ela queria me ajudar era sair pela porta.
“Não, nada, obrigada.” Peguei Henry, e empurrei meu maço de notas no lixo mais próximo. Não havia nada lá que eu poderia ler de qualquer maneira. Dra. Whiting tinha minhas anotações, e entrar em contato com McKesson só significava que eles enviariam os exames para casa. Eu não ousaria abrir uma caixa postal e eu não conhecia ninguém que eu podia confiar para ter onde enviar.
Naquele momento, minhas investigações tinham sido frustradas. No entanto, havia uma coisa que ainda não tinha: eu estava para entrar no programa de controle de natalidade. Eu tinha um horário naquela tarde com um planejador de paternidade para colocar um DIU. Se havia uma coisa que eu tinha certeza, era que eu não teria outro filho com este homem. Eu tinha marcado a hora com um nome falso, assim, no caso que de alguém ligar para checar, eles não teriam nenhum registro de mim. Eles pediram um número de segurança social, mas eu duvidei da minha sequência aleatória de números iria ser notada. Se assim fosse, gostaria apenas de dizer que eu não me lembrava. Assim como se pedissem para apresentar o meu RG... Essas coias são incrivelmente fáceis de fazer. Fiquei chocado com a facilidade com que eu estava disposta a cometer fraudes e mentir, mas apaziguando a minha consciência, dizendo que era para o bem maior.
Tive sorte, o recepcionista não olhou muito de perto o meu RG e o número aleatório que eu anotei não levantou quaisquer suspeitas. Uma vez que o DIU foi cuidado, eu fui para casa pensando em como descobrir sobre Jessica. Quebrei a cabeça uma e outra vez. A resposta veio no mais improvável dos caminhos.
Há um café cerca de 30 minutos da nossa casa, eu mencionei antes. Eu me rendo, o melhor blueberry scones do mundo. Parei lá e peguei um café com leite e um bolinho de mirtilo, conversando com a garçonete. Eu sempre fiz questão de conversar com a equipe por isso, se alguma coisa acontecesse, eles se lembrariam de mim. Kayla, a garçonete, perguntou se eu queria o recibo e eu normalmente eu dizia não, mas eu parei e isso me bateu. Eu pedi o recibo e tive um flash.
A CONTA BANCÁRIA DOS MEUS PAIS!
Meus pais tinham morrido, e eu era sua única filha, eu era a herdeira de seus bens. Por mais modestos que fossem, tinham sido deixados em uma conta de confiança que só eu poderia tocar com a permissão do administrador. Eu tinha deixado a casa e todos seus pertences nesta conta, exceto o vestido de noiva de minha mãe, algumas joias e alguns quadros a serem vendidos. Tinha passado meses, o advogado imobiliário entenderia como emocionalmente "devastador", uma vez que tinha ocorrido o nascimento de um filho e a morte de meus pais. Financeiramente, legalmente, tudo estava parado.
Entretanto, se eles estivessem comprando dois de tudo em preparação para o nascimento de dois bebês, a conta bancária mostraria isso. Eu sabia que poderia ver os extratos e isso mostraria as específicas transações de compra. Se eles não tinham comprado pares de tudo, então eu realmente estava louca. De um jeito ou de outro, a conta bancária dos meus pais provariam.
Me certifiquei de que estaria ao telefone com a advogada imobiliária, Sra. Harvey de New Hampshire, quando Phillip chegasse em casa.
“Certo, então eu preciso estar fisicamente aí? Quando devo ir e por quanto tempo precisarei ficar? Não, tudo bem, está certo. Com certeza, obrigada Renée.” Fechei a tela e olhei para Phillip.
“Está tudo bem? O que está havendo? Para onde você está indo?” Phillip bateu sua pasta, surpreendendo Henry.
"Eu tenho que estar fisicamente lá quando o inspetor olhar para a casa, alguma lei estranha de New Hampshire. Eu sou a executor e benfeitora dos bens. Então eu tenho que assinar algumas coisas para o Estado e o recolhimento de impostos. E, dependendo se o inspetor encontrar alguma coisa na casa, eu talvez precise ficar um dia extra para autorizar todos os reparos ou deixar uma nota de que eu estou ciente dessas necessidade. Achei que isso foi tudo tivesse sido resolvido, mas você sabe como as coisas podem se tornar vagarosas, amor. Eu vou ficar fora por dois dias, no máximo. É uma duas horas de carro a partir de Boston até lá, se tudo sair do jeito que eu estou esperando, então eu vou estar em casa no mesmo dia." Eu mantive minha voz deliberadamente indiferente e um pouco exasperada. Eu citando um inimigo comum a todos: impostos.
"Então eu vou com você." Disse Phillip, como se fosse a emissão de um decreto. Eu não tinha planejado isso! Estúpida, é claro que ele gostaria de ir com você!
"Amor, não levam a mal, certo? Mas eu quero ficar sozinha, porque eu nunca cheguei a dizer adeus aos meus pais. Meu tour pela casa pela última vez, a casa que eu cresci, essa é a minha maneira de dizer adeus. E eu prefiro ficar sozinha. Quero dizer, nós não pudemos nem mesmo realizar um funeral, pois seus corpos estavam muito mutilados. Eu preciso desta vez, por mim mesmo, para curar, para encerrar essa história. Por favor, Phillip. Diga-me que você entende." Eu tinha conseguido espremer algumas lágrimas, e quando ele apertou minha mão, eu sabia que ele tinha caído.
Me puxando para ele, ele disse o quanto sentia, como ele me entendia, e eu forcei mais algumas lágrimas. Ficamos abraçados e eu expliquei que eu partiria um dia depois de amanhã, o que significava que eu partiria na quarta-feira e tinha esperanças (em minha cabeça) de retornar na sexta-feira.
Quarta-feira tinha finalmente chegado. Phillip tinha tirado um dia de folga para ficar com Henry, quem ele afetuosamente chamava de Harry. Entrei no carro com a promessa de dirigir com segurança e ligar assim que chegasse lá. Eu ultrapassei todos os limites de velocidade. Agora, se você nunca esteve em New Hampshire, me deixe desenhar para você: uma cidade pequena com uma única coisa importante: a Escola de Medicina de Dartmouth. Sendo assim, quando os policiais avistam uma mulher de meia idade dirigindo um “carro de mãe”, eles deixam ela passar. Eles tem maiores preocupações com um Campus Universitário.
Eu perguntei pelo estacionamento do escritório do advogado, e fui levada direto para o escritório da Sra. Harvey. Bem a tempo de ela ter preparado cópias dos registros bancários de dezoito meses. Houve legitimamente alguns papéis que eu precisava assinar para o banco esvaziar e fechar a sua conta, mas o que eu precisava estava em uma pasta de documentos em sua mesa de carvalho envernizada.
Eu fiz a varredura das linhas, procurando um valor aproximado direito sobre a época que mamãe apareceu em nossa casa, com dois berços. Eu não sabia o quanto ela tinha gasto come os berços e os assentos de carro, mas eu sabia que estaria aqui. Então eu achei: um cheque cancelado para De Felice Mobiliário Família de 849 dólares e setenta e três centavos. Eu olhei para seu endereço e anotei, eles seriam a minha próxima parada.
Renée entrou com alguns papéis que eu precisava assinar para fechar as contas e finalizar a venda da casa. Tudo estava sendo realizado em uma conta de confiança, que tinha sido criada há muito tempo. Eu não sabia disso.
"Seus pais nomearam um administrador muito tempo atrás, por isso, em caso de eles morrerem enquanto você era menor, você ainda teria os fundos para pagar a faculdade. Obviamente, essa lei não se aplica mais. Então você tem acesso livre ao dinheiro. É uma conta remunerada durante precisamente 25 anos. Se você gerenciá-lo com cuidado, você nunca terá que trabalhar de novo em sua vida. Especialmente uma vez que a venda da casa seja finalizada." Sra. Harvey olhou por cima da montanha de papéis que ela estava organizando para eu assinar.
“Perdão? Quanto dinheiro tem na conta?” Coloquei a imitação de caneta Montblanc no topo dos papeis.
“Hm, deixe-me ver o extrato... Ah, sim, aqui. De acordo com a data do ultimo extrato, que é de cerca de 3 semanas atrás, há aproximadamente 600 mil dólares na conta. Seu pai fez alguns ótimos investimentos, e ele era evidentemente um homemeconômico. Agora, lembre-se, esse número inclui também o que restava de suas contas conjuntas. Com a venda da casa, você vai ter um pouco mais de um milhão. Não muito pelos padrões de hoje, mas nada desprezível." Sra. Harvey me entregou um pedaço de papel, meu extrato bancário, aparentemente.
Por um lado, eu estava exultante. Isso significava se eu poderia encontrar uma maneira de deixar Phillip, eu não estaria desamparada. Por outro lado, se ele sabia, ele iria encontrar uma maneira de me matar apenas pelo dinheiro. Eu não posso explicar como ou por que eu cheguei a essa conclusão, mas eu sabia que era tão certo como o nascer do sol.
Eu a agradeci, assinei o que precisava ser assinado e dirigi até a De Felice Mobiliário Família. Eu olhei para a loja, e parecia uma casa decrépita. Eu entrei lentamente, e fui recebida por um velho e entediado homem.
"Posso ajudá-la, senhora?" Ele perguntou, encostado a um balcão de vidro riscado.
"Eu espero que sim. Eu preciso saber o que foi comprado com este cheque. Eles eram meus pais, e eu sou a executora de sua propriedade. Estamos tentando esclarecer algumas coisas sobre suas contas bancárias. Eu posso lhe dar a documentação que você precisar." Eu sorri o mais cativante que pude, e deslizei uma cópia do cheque cancelado.
“Eu sou Alex, dono da loja. Vou precisar de algum documento de identificação e algum documento que diga que tenho que te dar essa informação, se eu ainda tiver.” Ele olhou para um arquivo de metal que ladeava um pequeno escritório. Não parecia promissor.
"Claro! Eu compreendo totalmente, aqui está o meu RG. E aqui está a papelada fornecida por meu advogado, que mostra tudo que eu disse." Eu os entreguei a um Alex muito cético, que olhou para eles como se tivesse sido entregue algo que estava tentando provar a existência de aliens.
"Vou ter que olhar os meus velhos recibos de venda. É quase hora de fechar, sendo assim você vai precisar voltar amanhã, patroa. Volte ao meio-dia, e se eu tiver alguma coisa- ou nada- eu vou deixar você sabe." Alex empurrou o balcão com os antebraços, nossos negócios do dia concluídos. Eu sorri e agradeci-lhe novamente, e dirigi até meu hotel para encontrar algo para comer.
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CONTINUA...
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