quinta-feira, 18 de julho de 2013

Conversa pelo Facebook

Eu conheci James Vickers quando tínhamos cerca de 12 anos. Éramos vizinhos de porta, e eu costumava ir lá fora ao meu quintal jogar futebol sozinho, chutando a bola contra o muro. Foi neste momento que conheci James. Demorei um pouco para perceber seu rostinho de óculos olhando para mim da janela de seu quarto. Quando eu o vi, acenei para ele. Ele acenou de volta e abriu a janela para conversar comigo.
Falamos sobre muitas coisas. Interesses, comida favorita, jogos, todo tipo de coisa. Eu perguntei a James se ele descer no meu quintal para jogar futebol comigo. Ele recusou educadamente, dizendo que ele havia sofrido terrivelmente com asma, entre outras doenças, e que seus pais absolutamente se recusavam a deixá-lo sair pra fora de casa, ou deixar que alguém entre lá. Ele me perguntou se eu tinha uma conta no Facebook, e disse que gostaria de me adicionar para mantermos contato.
Verifiquei meu Facebook mais tarde naquela noite, e aceitei o pedido de James, e a partir daí, ficamos conversando. Desse dia em diante, foi basicamente assim que nossa amizade progrediu. Eu ia pra escola de manhã, terminava as aulas, chegava em casa e ia direto no Facebook para falar com James. Foi assim durante cerca de 5 anos. Infelizmente, porém, as doenças de James levaram a melhor sobre ele um dia, e ele ficou muito doente.
Até que um dia, o inevitável aconteceu. Eu não havia falado com James no Facebook durante muitos dias. Até passava algum tempo no meu jardim, esperando que ele abrisse a janela e me deixasse saber que ele estava bem. Ele nunca o fez. Ao invés disso, seu pai veio até minha casa numa noite de sábado e me entregou um pequeno convite para um funeral. "Ele nos disse sobre o quanto você dois tinham em comum." Seu pai me disse. "Você era a única amiga dele, até onde sabemos."
O funeral foi muito tocante. Eu fiz o meu melhor para segurar minhas lágrimas, mas completamente perdi o controle quando Fields of Gold (sua musica favorita) começou a tocar enquanto eles levavam o caixão de James para longe. Depois do funeral, ainda vestida com as roupas do luto, decidi pegar uma cerveja e minha velha bola e sai pra brincar um pouco no mesmo jardim onde eu havia conhecido James, em sua homenagem. Senti-me estranha ao saber que a sala que ele usou para falar comigo pela primeira vez agora estava vazia e desocupada.
Mas por mais triste que eu me sentia, eu sabia que ele estava em um lugar melhor agora. Um lugar aonde suas aflições não iriam mais incomodá-lo. Porém, sua morte tinha chegado tão de repente que o funeral simplesmente não tinha feito com que a ficha caísse pra mim. Talvez eu precisasse de algum tipo de “fechamento”, apenas para ter certeza de que James realmente havia partido, e não iria mais voltar. Então, naquela mesma noite, eu entrei no Facebook, mais uma vez, abri a janela de conversa de James, e digitei: "Oi James". Neste momento eu percebi o quanto estava sendo boba, e prontamente me levantei da cadeira e fui me deitar na cama. Eu deixei meu Facebook aberto, apenas para o caso de algum dos meus amigos me enviar alguma mensagem importante.
Algo então aconteceu que arrepiou completamente minha espinha. A única luz acessa que se emitia no quarto era da tela do computador, e quando olhei pra tela, na janela de conversa de James ainda aberta, vi as palavras "James está digitando...".


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